Joilson Gouveia* |
Aos
meus quase cem leitores e aos demais que, por acaso, a este virem, permitam-me
transcrever excertos de obras objurgadas, repelidas e repudiadas pelos “pensadores-críticos”
de nossa elite-pensante, forjada nas nossas universidades, que, no mais
a vez, preferem obras e autores afeitos à verve de useiros e vezeiros do progressismo ou esquerdismo de esquerdistas de esquerda e à esquerda – tudo que é culto,
científico, bom e melhor há de ser de esquerda,
segundo eLLes próprios; claro!
- “O uso moderno do termo ‘esquerda’ deriva dos Estados Gerais de 1789, na França, quando a nobreza se sentou à direita do rei, e o “terceiro Estado’, à esquerda. (...)
- Por que, então, usar a
palavra ‘esquerda’ para descrever os autores
considerados neste livro? Por que usar um único termo para englobar anarquistas
como Foucault, marxista dogmáticos
como Althusser, niilistas
exuberantes como Zizek e liberais ao
estilo americano como Dworkin e Rorty?
- A razão é dupla:
primeiro, os pensadores que discuto se identificaram usando exatamente esse
termo. Segundo, ilustram uma persistente percepção do mundo que tem sido
característica permanente da civilização ocidental ao menos desde o Iluminismo,
nutrida pelas elaboradas teorias sociais e políticas que discutirei aqui. Muito
dos autores que analiso foram associados à Nova Esquerda, que chegou à
proeminência nos anos 1960 e 1970. (...)
- Uma década depois, o
establishment de esquerda estava de volta ao banco do motorista, com Noam Chomsky E Hoard Zinn renovando suas destemperadas denúncias contra os Estados
Unidos; a esquerda europeia reagrupada contra o ‘neoliberalismo’, como se ele sempre tivesse sido o problema (...) e
o veterano Eric Hobsbawm sendo recompensado
por uma vida de inabalável lealdade à União Soviética com a nomeação para ‘Companheiro de Honra’ da rainha.
- É verdade que o
inimigo já não era descrito como antes: o molde marxista não se encaixava
facilmente às novas condições e parecia tolo defender a causa operária quando
seus últimos membros estavam se unindo às fileiras de desempregados ou
autônomos. (...)
- Atualmente, ‘direita’ é um termo tão ofensivo quanto
era antes da queda do Muro de Berlim (...)
- A posição da esquerda já estava definida quando a distinção entre esquerda e direita foi inventada. Os esquerdistas acreditam, como os jacobinos da Revolução Francesa, que os bens deste mundo são injustamente distribuídos e que a culpa não é da natureza humana, mas sim de usurpações praticadas por uma classe dominante. Eles se definem em oposição ao poder estabelecido, defensores de uma nova ordem que retificará o antigo agravo dos oprimidos”. (Sic.) – Roger Scruton. “Tolos, fraudes e militantes”. P.11/14.
É,
pois, da verve escarlate caviar ver a tudo, a
todos e de tudo ou acima de tudo pelo retrovisor histórico no qual vê o
passado, que tenta resgatar, reparar ou retificar (daí sempre falsificarem o passado) na incessante busca de uma futura (sempre futura) sociedade mais justa, solidária, igualitária e fraterna (justiça
social*), enquanto coletivistas amantes
da humanidade e ardorosos defensores da pluralidade
(de ideias, pensamentos, ideais e ideologias) dês que acordes, concordes e semelhantes
ou similares às de esquerda.
Ai
daquele sujeito que pensar de modo díspar, diverso e diferente ou mesmo contrário,
oponível e discordante, neutro ou alheio às mesmas: de logo e de pronto, será
pechado de fascista! Diversidade? Multiculturalismo?
*Ver mais aqui sobre o
tema Justiça Social:
Voltando
ao Autor acima citado.
- “Dois atributos da nova ordem justificam sua busca: libertação e ‘justiça social’. Elas correspondem aproximadamente – mas apenas aproximadamente – à liberdade e à igualdade defendida durante a Revolução Francesa. A libertação advogada pelos atuais movimentos de esquerda não significa simples liberdade em relação à opressão política da direita para que cada um siga sua vida em paz.
- Ela significa
emancipação das ‘estruturas’: instituições, costumes e
convenções que moldaram a ordem ‘burguesa’ e estabeleceram um sistema partilhado
de normas e valores no coração da sociedade ocidental. (...) Grande parte de sua
literatura é devotada a desconstruir instituições, como família, escola, lei e
Estado-nação, por meio das quais a herança da civilização ocidental
chegou até nós. Essa literatura, vista no auge de sua fertilidade nos textos de
Foucault, apesenta como ‘estruturas de dominação’
o que outros veem meramente como instrumentos da ordem civil. (...)
- A libertação das vítimas
é uma causa sem descanso, dado que novas vítimas sempre surgem no horizonte
assim que as últimas escapam para o vazio. A libertação das mulheres da pressão masculina, dos
animais do abuso humano, dos homossexuais e transexuais da ‘homofobia’ e mesmo dos mulçumanos da ‘islamofobia’ foi observada nas mais
recentes agendas da esquerda, a fim de ser preservada em leis e comitês
supervisionados por uma oficialidade censora. Gradualmente, as velhas normas de ordem social foram marginalizadas ou
mesmo penalizadas como violação dos ‘direitos
humanos’. (...)
- Do mesmo modo, o objetivo da ‘justiça social’ já não é a igualdade perante a lei ou iguais reivindicações aos direitos e da cidadania, como defendidas no Iluminismo”. Loco citato in op. cit. – P.14/15.
Bem
por isso e para isso, o desiderato (de nossas universidades federais e
estaduais públicas) é propagar, fomentar, cultuar e disseminar, através de
disciplinas ditas humanistas ou de ciências humanas, como filosofia, sociologia, psicologia, pedagogia, metodologia, história etc., a derrocada,
desconstituição, desconstrução e a total destruição de nossos “instrumentos da ordem civil”: axiomas, premissas,
princípios, valores, normas e leis civilizatórias legadas pelos nossos
antepassados; mormente se fundadas nos preceitos éticos, morais e culturais ou
costumeiros e tradicionais da religiosidade judaico-cristã ocidental; buscando a
hegemonia do pensamento ou cultural,
como anelado no escólio contido dos cadernos
gramscistas (nos 29 cadernos do cárcere,
de Antonio Gramsci):
- “Nós vamos destruir o Ocidente, destruindo sua cultura. Vamos nos infiltrar e transformar a sua música, sua arte e sua literatura contra eles próprios”. Ou: “Não tomem quartéis, tomem escolas e universidades, não ataquem blindados, ataquem ideias”. – Ver mais, abaixo!
Enfim,
como se não bastasse tudo isso, eis que fizeram dos meios de comunicação,
imprensa, rádio e televisão e da mídia em geral, mormente no mercado editorial,
livros, revistas, sites e blogs ou canais de vídeos do Google e Youtube e das
redes sociais e Internet, nos quais os ex-integrantes de uma outrora imprensa-livre
se tornaram meros “agentes-de-transformação-social”:
- “Os jornais são aparelhos ideológicos cuja função é transformar uma verdade de classe num senso comum, assimilado pelas demais classes como verdade coletiva – isto é, exerce o papel cultural de propagador de ideologia. Ela imbute uma ética, mas também a ética não é inocente: ela é uma ética de classe”. – Antonio Gramsci.
Eis,
pois, o dito por Salvador Allende:
- “A objetividade não deveria existir no jornalismo, porque o dever supremo do jornalista de esquerda não é servir a verdade, e sim servir a revolução”. Em discurso no primeiro congresso nacional de jornalistas de esquerda. El Mercúrio, 9 de abril de 1971.
O que
explica, e muito, a todas as críticas e censuras impostas! ;)
Abr
*JG