Joilson Gouveia* |
Precisa-se dar um
basta em tantas mentiras sobre o nosso sofrido Brasil e sua história, que a estória
(s.f. Ficção; fábula; coisa imaginada; patranha; mentira.), fundada na
empreitada midiática, tenta coonestar. O Brasil jamais fora descoberto ou
achado na Bahia e menos ainda em Porto Seguro como tentam difundir no projeto
global Brasil500anos. Chega de falsas verdades e mentiras torpes!
Antes mesmo de "seu" Cabral – que, em verdade, era seu Gouveia, consoante assevera Eduardo
Bueno em 500anos in Revista Época, de 14 de fevereiro 2000:
"Por não ser o primogênito, Pedro Álvares só pôde usar o nome do pai
depois da morte de seu irmão mais velho"- até chegar ao Brasil ou, pelo menos, ao novel
continente, que viria a se chamar Brasil,
outros navegadores já haviam estado aqui. Isto é fato incontestável, pois que
os marcos, placas e documentos históricos registram-nas. Portanto, é imperioso
não olvidar "as descobertas de Pinzón, e de Leppe, em janeiro e
fevereiro de 1500"– vide Fascículo n.º 1 de Alagoas500, editado pelo
"O Jornal", de 08 de fevereiro de 2.000.
Assim, se o engodo do
projeto Brasil500 anos, que se funda na certidão de nascimento da
terra brasilis: a Carta de Caminha; numa astuciosa alienação, para
induzir aos leigos acreditarem nessa estória de que o Monte Pascal ou
Pascoal teria sido o marco da terra das Cabrálias, de Vera Cruz,
de Santa Cruz, de Brasilis e que, hoje, Porto
Seguro, na Bahia, seria a origem do famoso brado: terra à vista! É,
pois, pura fantasia, patranha, ledo e falaz engano.
Toda essa falácia cai
por terra ao se analisar justa, pura e simplesmente à própria Carta de
Caminha ao seu rei, posto que nela (segundo Douglas Apratto e outros sérios
historiadores alagoanos, responsáveis pelos fascículos Alagoas500 anos,
tão bem nos mostram a verdade de Jaime de Altavila) é de se ver a descrição
exata do retrato do Brasil visto por Pero Vaz de Caminha:
"(...)e então
o capitão passou o rio, com todos nós outros, e fomos até uma
lagoa grande de água doce, que está junto com a praia, porque toda
aquela ribeira do mar é apaulada por cima, e sai a água por muitos lugares(...)
a terra traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras,
umas vermelhas e outras brancas(...)."- texto extraído da
histórica e autêntica Carta de Caminha, certidão de nascimento do Brasil
Portanto, resta claro
que, nem em Ilhéus, nem em Porto Seguro ou mesmo em toda costa baiana se vai
encontrar "as barreiras altas e avermelhadas, e um monte muito alto e
redondo com terras chãs ao sul" e nem os rios e lagoas
de que tratam o registro oficial do Brasil.
A paisagem descrita,
nessa histórica e autêntica Carta de Caminha, outra não é senão aquela
sobre às falésias (as barreiras avermelhadas de Jequiá da Praia)
de Coruripe, São Miguel dos Campos, Gunga e Barra de São Miguel, todos em
Alagoas, vistas do mar que banha a costa alagoana.
Se esse cenário,
retratado por Caminha, reflete a fotografia
de suas retinas sobre a novel terra, “seu Gouveia” e Esquadra aportaram em Alagoas e não na Bahia,
como coonestado pelo projeto global do Brasil500anos, porquanto, na região
baiana de Porto Seguro, "não existe nenhuma lagoa de água doce,
existindo sim três pequenas lagoas salgadas, cujas comunicações com o mar só se
estabelecem nas marés altas", bem como também não há registros de que
lá tenha sido ou venha ser a Terra dos Caetés, pois que D. Pero
Fernandes Sardinha não foi morto pelos aimorés. Isto é fato, e contra
fatos não há argumentos, portanto, basta de engodo e mentiras nesses cinco
séculos.
Será que vamos
iniciar um novo milênio negando, escamoteando ou falseando a verdade histórica
de nossas origens aos nossos futuros descendentes? Creio que não. Nossos
historiadores não permitirão, tenho certeza disto. E o nosso O Jornal
dará seu testemunho verídico, através de nossos brilhantes historiadores, que
compõem a equipe responsável pelo encarte especial: fascículo Alagoas500anos,
para um futuro sem falácias.
Maceió, 18 de fevereiro de 2000
*Ten. Cel PMAL,
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Universidade Federal de
Alagoas - UFAL, 1992; Curso de Direitos Humanos na Universidade Estadual do Rio
de Janeiro - UERJ, out./1994, patrocinado e ministrado pelo Center of Human
Rights da ONU; Curso de Direitos Humanos ministrado e patrocinado pela Americas
Watch, em Maceió/AL. 1995; Membro da Anistia Internacional no Brasil - Seção
brasileira; Membro, Diretor Fundador e 2º. Secretário do Grupo de Direitos
Humanos "Tortura Nunca Mais", em Alagoas”
N.A.: **
O texto acima fora
editado em O Jornal, sob o título “Descobrimento do Brasil – uma polêmica
fértil”, na edição de 22 de Abril de 2000.
Abr
*JG
P.S.: Reeditado para a série: "rememorar para jamais olvidar"