Joilson Gouveia* |
Ao
ensejo, aos indignados, contrariados, preocupados, escandalizados, surpresos e
assustados com o tal “que tiro foi esse?
–, a qual, que não foi parida a fórceps nem é obra do acaso, gize-se, porquanto
ínsita ao sórdido multiculturalismo
paulatino, sorrateiro e tenaz desde sempre e como anelado e imposto pela verve
de gramscistas et fabianistas - Ou os
encantados com a crônica dominical,
em pleno carnaval, de nosso culto, inteligente, sagaz e exímio literata caetés
e tupiniquim, que a encerra como uma indagação: “que
tempos são esses”?
Bem
por isso, ouso sugerir a leitura de uma obra um tanto esquecida ou pouco
conhecida, digamos assim, do mais autêntico, genuíno, douto e sábio filósofo
brasileiro Mário Ferreira dos Santos
[1907-1968] – “Invasão Vertical dos Bárbaros” – É Realizações Editora.
Revisão: Danielle Mendes Sales. 2012.São Paulo. Na qual denuncia: “que é o exaltado, o merecido, o
acentuado, senão tudo quanto aponta ao inferior, ao medíocre, ao horizontal? A VALORIZAÇÃO DA MEMÓRIA MECÂNICA. A
VALORIZAÇÃO DA HORDA, DO TRIBALISMO. A EXPLORAÇÃO SOBRE A SENSUALIDADE. A
DISSEMINAÇÃO DO MAU GOSTO. Etc. Loco citato às páginas 29 a 43.
Além
do mais, convém não olvidar ao alerta de Rodrigo
Constantino, em sua obra Esquerda Caviar: “NÃO DEVEMOS CONFUNDIR A ADMIRAÇÃO À OBRA DO
ARTISTA COM SUA PRÓPRIA PESSOA OU SUAS IDEIAS POLITICAS”. E destaca, a
saber: “Podemos respeitar ou até idolatrar certo
músico, sem que isso signifique que suas ideias políticas devam ser também aceitas.
Podemos ter ojeriza à conduta hipócrita de um famoso arquiteto, e ainda assim
reconhecer sua importância em seu campo de trabalho. Podemos aplaudir de pé um
excelente ator, e logo depois vomitar com seu discurso boboca. – A lembrar aquele
global que vociferou ensandecido: “Cadê as provas”?
E quase agrediu sua fã!
“Ou alguém aprecia a Miss Universo por seu discurso sobre a
paz mundial, e não por sua beleza? Quem foi que disse que atores e músicos são
especialistas em economia e clima? Constatemos o óbvio: um canalha pode ser um
excelente músico, pintor ou ator, assim como uma mulher com a cabeça oca pode
ser linda.
Devemos separar uma
coisa da outra. O que será atacado neste livro é a visão ideológica dos
artistas e intelectuais da esquerda caviar, assim como suas contradições entre
discurso e prática.
(...)
Como disse Thomas Sowell em Intellectuals and Society:
‘O passo em falso fatal
de tais intelectuais é assumir que a capacidade superior dentro de um campo
particular pode ser generalizada como sabedoria ou moralidade superiores sobre
tudo’.
Aldous Huxley, em seu
romance contraponto, coloca em um dos personagens um alerta semelhante:
Uma das coisas mais
difíceis de ter em mente é que o valor de um homem numa esfera determinada não
constitui garantia de seu valor em outra esfera. A matemática de Newton não prova nada em favor de sua
teologia. [...] Platão escreveu
maravilhosamente bem, e esta é a razão pela qual muita gente acredita em sua
perniciosa filosofia. Tolstoi foi um
excelente romancista; mas não constitui isto razão para que deixemos de
considerar detestáveis suas ideias sobre a moral, ou para que sintamos ou coisa
que não seja desdém pela sua estética, pela sua sociologia e pela sua religião.
Esse alerta é
especialmente importante no Brasil. Por aqui, há com frequência essa mistura.
Basta um sujeito ser um músico bom que combateu a ditadura para se tornar o
grande pensador político. Basta o arquiteto mundialmente famoso para que seu affair com ditadores sanguinários seja
esquecido. Até mesmo jogador de futebol famoso acaba virando sumidade em temas
sociais e políticos.
E
arremata o Autor, Rodrigo Constantino:
“No Brasil, o fenômeno da esquerda limusine foi
agravado durante o regime militar, que criou os ‘filhotes da ditadura’.
Qualquer um que tenha sido contra a ditadura, vista como de ‘direita’, com o tempo ganhou o estigma
de grande defensor da liberdade e da democracia. Nada mais falso! Boa parte da
esquerda lutava para implantar outra ditadura, como aquela existente em Cuba
até hoje”.
Por
fim, encerra seu alerta: “Saibamos, então, separar o talento artístico
da mensagem política. Feita essa ressalva, mãos à obra. Divirtam-se com a
gritante hipocrisia dessa turma que luta por um ‘mundo melhor’, entre um
champanhe importada e outra, muitas vezes do alto de seus jatos particulares ou
o conforto de suas gigantescas casas. Diabos! Não é fácil ser um revolucionário
de boteco chique e um porco capitalista sedento por mais lucro ao mesmo tempo.
Mas nossos colegas de esquerda caviar aceitam o sacrifício”.
O
título deste encerra e responde ao questionado:
“que tempos são esses”?; ou não?
Abr
*JG
P.S.:
Postado in http://blog.tnh1.com.br/ricardomota/2018/02/11/que-tiro-foi-esse/
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