Joilson Gouveia* |
Houve quem dissesse que a “história é escrita pelos vencedores”, uma
frase impactante de um desconhecido “jornalista,
escritor” e, também – digo eu -, “humorista” inglês Eric Arthur Blair”, que
se tornou famigerado no pseudônimo de George Orwell, e não
somente com e por esta assertiva, cuja frase desdenha, despreza e menoscaba que
a “história também é contada pelos
perdedores”, no mais da vez, a priori, até desconstruindo, destruindo, desconstituindo
ou dissimulando, escamoteando, mascarando e encobrindo com seu verniz escarlate e verve própria a “real história dos vencedores”, como sói
acontecido, nesses últimos dez lustros.
As primícias se justificam, pois, para repelir, rechaçar, reprochar e até objurgar à máxima de Orwell, e, também, adrede serena, urbana, científica e dialeticamente, objurgar ao arguto, astuto, sagaz e satírico literata caetés e tupiniquins, senão vejamos seu dito, a saber:
- “A primeira vez em que votei para prefeito de Maceió, eu já tinha 27 anos de idade. Nascido e criado aqui na capital de Alagoas, só então, em 1985, pude escolher aquele que iria administrar a cidade a que dedico sentimentos tão contraditórios.
- Mas que fique claro: eu não votei antes, numa eleição municipal, porque não pude. A ditadura militar não permitia, assim como nos proibira de cantar “Apesar de você”, de Chico Buarque de Hollanda, ou “Caminhando”, de Geraldo Vandré. E até nos impedira de assistir ao quase inocente “Je vos salue, Marie”, filme de Godard – inexplicavelmente proibido.
- Coisa de gente estúpida. Assim como negar o direito ao voto aos cidadãos.”
- Urge destacar, pois, à época, os vencedores do “Golpe Militar, de 1964” – na verdade um oportuno contragolpe nos
vermelhos, que mais uma vez intentaram impor a “ditadura do
proletariado” porquanto jamais lutaram pela “odiada
democracia”, ainda que seja “a pior
forma de governo, salvo as demais” – voluntárias e espontâneas verdades
confessadas pelos sobreviventes “torturados
vencidos”: Fernando Gabeira, Eduardo Jorge, Miriam Dutra e etc. etc. Fatos incontestes!
Aliás, o direito ao voto e de ser
votado era assegurado apenas para os maiores de dezoito anos, ainda que
nalgumas capitais fosse biônica a escolha do alcaide, caso de Maceió, à época,
onde somente sufragou, em 1985, mas havia eleições parlamentares e governos
estaduais, sim.
A era do eclodido slogan “é proibido proibir”, desde 1968, em Sorbonne,
na França, ou de “a liberdade começa com
uma proibição”, “se Deus existisse,
seria preciso matá-lo” e “nem Deus,
nem mestre” conduzia-nos ao abismo anárquico dos instintos contaminando aos
jovens de então, os tais ditos Cult’s. Era Cult opor-se à “ordem e ao progresso” – deu-se, pois, o "abyssus abyssum invocat", i.e., o
abismo gera o abismo, os vencidos optaram pela luta armada, usando dos inocentes
úteis de sempre: estudantes
universitários.
Deu no que deu: 21 anos; sem
eleições nalgumas capitais.
- “De lá pra cá, já votei vezes sem conta em candidatos a prefeito – bons ou ruins. Já tive vontade de anular o voto, mas nunca o fiz, porque sempre entendi que o voto é uma conquista da liberdade, fruto da luta de várias gerações, de gente que morreu por uma causa, um objetivo de vida. O que, aliás, falta a tantos nestes tempos de desesperança.” – Sem grifos no original.
- Morreram? Muitos foram mortos ou “justiçados” pelos próprios camaradas ou “cumpanhêros” de outrora, como Celso Daniel, Toninho do PT, Eduardo Campos
e etc. etc. A estrábica, zarolha, caolha e míope CNV – comissão nacional da verdade – contabilizou "434 vítimas da
ditadura", em 21 anos. Na hodierna democracia, somente nos desgovernos
escarlates, foram assassinados mais de 700 mil pessoas, em média de 55/56 ou 60
mil mortos/ano.
- Reclama-se até da democracia, que, assim como disse Winston Churchill, estadista e bebum inglês, “é a pior forma de governo, salvo todas as demais”. Precisamos, sim, aprofundá-la, radicalizar a democracia, não dando descanso nunca aos eleitos. Para que possamos, no futuro, derrubar presidentes, governadores, prefeitos, legisladores em todos os níveis, sempre que eles traírem os compromissos assumidos. Que ao modelo velho substitua um novo, mais legítimo, atual e representativo”.
- E não somente no futuro, mormente
no presente, como havido recentemente o Processo de Impedimento, a despeito somente
da “queda”,
sem o devido “coice”, como querido pelo benquisto,
dos brasileiros indignados! Ou não?
- “Ninguém há de sair por aí saltitante e feliz, cantando loas às eleições, mas negá-las, simplesmente, é um erro. Quanto à desesperança, ela só leva à inação, ao fazer nada, a reclamar, ao desencanto.
- Ter esperança não é ser tolo, sonhador, mas ser empurrado a agir e/ou reagir.
- Vale lembrar, aqui, a frase do pensador católico Santo Agostinho: “A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”.
- Que não saiamos saltitantes, cantantes e felizes
com elas (as eleições) que nunca decidiram nada de nada, “quem conta os votos decide tudo” – Stalin. Mas,
também, não façamos delas a panaceia de todos os nossos males, problemas
e busílis urbanos, rurais e sociais, nem delas nem da Democracia, tão
espoliada, aviltada, depenada e desviada ou doada às tiranias de tiranetes que
se mantém com nossa grana fácil, descuidada, desguardada e descontrolada, como
nesses últimos catorze anos, ou até mesmo desde os idos de 1985.
Não é deveras estranho que, num país onde quase nada que é público ou dos governos funcione a contento, tenhamos eleições em urnas eletrônicas digitais “seguras, invulneráveis, invioláveis e imaculadas”? E, noutros países de primeiro mundo e mais civilizados e avançados não as usem, porquê?
Ao que se pode dizer, aqui, na terra da aristodemocracia, a esperança “gerou filhas” sem pai, mormente “nessepaiz” de ordeiros, urbanos, pacatos, civilizados e acomodados ou de “altas cortes totalmente acovardadas”, que mais tem sido contra que a favor daquele que está desmoronando o “império da jararaca asquerosa, venenosa e matreira”; hoje mais insone, chorosa, medrosa e pavorosa.
Ainda somos mais acomodados do que indignados e muito mais covardes ou “bonzinhos” para com os covardes e patifes traidores do Brasil, mormente com aqueles que foram presos na ditadura e, atualmente, investigados, processados, denunciados, julgados e presos também na Democracia. Ou não?
Enfim, aqui os vencedores não contaram nem escreveram a história que foi deturpada pelos vencidos, que “ganharam, mas não venceram”! E muito menos ainda, convenceram! Pelo menos, não a mim! Aliás, e que são vivos até demais!
É
que nem todos morreram por eleições e
democracia!
Abr
*JG
P.S.:
Maxima data vênia, que fique claro, também, isso! Ou não?
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